Apesar de praticar desporto desde sempre, a participação em provas é recente e resume-se a meia dúzia de anos.
Via apenas o desporto pelo facto de me sentir bem e nunca arrisquei participar porque achava que não era a minha praia. As inscrições, a formação de equipas, as médias, as preparações do calendário de provas e a selecção das mesmas, eram para mim algo que nunca me preocupou. De qualquer forma treinava diariamente com atletas que participavam e acumulavam medalhas e t-shirts. Mas questionavam-me sempre porque não ia, que era porreiro, que estava preparado, que assim e assado. Não vou! E não fui!!
E assim foi durante muitos anos.
Nem sei bem como aconteceu, um dia tinha um panfleto da meia maratona de Lisboa na mão e achei que se queria passar a ponte a “pé “ (25 Abril) a melhor forma era a correr. E assim fiz! Inscrevi-me e participei, no dia da prova o habitual frenesim de desportistas que desciam ao tabuleiro vindo de todos os lados, visto do Pragal (Almada) pareciam formigas de todas as cores a deslocar-se no mesmo sentido. Apesar de ter sido militar de carreira durante anos senti um arrepio na espinha quando comecei a descer para o garrafão da ponte e sentir o peso de milhares de pessoas a alinharem-se para a partida. Passaram-me pela cabeça todo o tipo de pensamentos e necessidades.
- “ Tenho sede, preciso de ir ao WC, tenho as meias enroladas, escolhi mal o equipamento, etc., etc.”
Como fiz a meia maratona saímos á frente e fomos colocados perto do início do tabuleiro. Depois do tiro de partida, os pensamentos negativos desapareceram e deixei-me ir ao sabor dos quilómetros e da disposição que melhorava a cada minuto. No final ao cortar a meta senti-me tão bem por ter vencido o receio de alinhar á partida de uma prova tão singular. Aquela que era a principal motivação passou para enésimo lugar passar a ponte a pé.
Não escondo que depois da 1ª prova fiquei com vontade de repetir a experiência, pelo ambiente de festa, pela curiosidade de ver outros atletas anónimos que trabalham um ano inteiro para um dia como este. Mesmo as organizações melhoraram muito, os atletas também são mais exigentes, mais bem preparados e equipados. Começa a existir em Portugal uma cultura do desporto e das boas praticas desportivas. As Organizações esmeram-se, propõem o impensável há alguns anos, com bandas ao longo do trajecto, com vários apoios e abastecimentos e com pessoas simpáticas e eficientes desde o levantamento do dorsal até á medalha e diploma tudo funciona na perfeição. Os transportes tornam-se “públicos” e são gratuitos durante essa manha para os atletas, existe segurança e boa sinalização, controle de tráfego rodoviário para que a festa não seja manchada por qualquer acidente. E no final cada atleta sentirá um misto de emoções desde cansaço, satisfação pela missão cumprida mas principalmente de felicidade.
Próprias de quem faz do desporto um estilo de vida.
Amanhã na meia maratona de Portugal voltarei a sentir aquelas emoções que senti. Mas não lhe vou passar cartucho pois sei estarei Super feliz no final !!!! J
A todos os que vão participar,
deixo o meu forte abraço de atleta e faço votos para que no final acabem a
sorrir pelo sonho realizado.
Divirtam-se!
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