quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Os Ultras invadiram as praias ( U.M.A 2013)



 
Caro diário de corridas,

Ainda te lembras de mim?
  Depois de tanto tempo e tantas aventuras pelo meio regressei á tua companhia para te relatar a minha 3ª participação na Ultra maratona Atlântica.

 então cá vai...
 O dia começa cedo para os Ultras, a organização dispôs de um ferry com saída de Setúbal ás 06:00h da manha para que fosse possível fazer a ligação aos autocarros que nos levariam a Melides.

Às 05:30h pontualmente estava a chegar para a identificação e garantir a passagem do rio Sado. A viagem ainda nocturna numa madrugada chuvosa e fria fez-se sem dificuldades e em poucos minutos estávamos a desembarcar no cais de Tróia agora renovado. Sentia-se no ar um ambiente estranhamente calmo entre os atletas que se reservavam a poucas falas, a maioria caminha de forma calma e em silêncio, de olhos postos chão ora no céu. Cruzam-se e sorriem mas o silêncio é dominador.



 

Embarcados no autocarro seguimos até Melides numa viagem de mais 30 minutos para sul. Assim que chegámos começamos a ter consciência da prova, o mar agitado e azul ao fundo diz-nos que é ali, dirijo-me para o restaurante local onde provo um café e encontro amigos destas e de outras andanças.









 
Saio em direção á fila para levantar dorsais, 2 filas a da direita indicava números do 1 ao 230 e a da esquerda 231 a 480. Verifico que sou o 407 sem ser supersticioso faço a regra dos 9 ..podia ser pior!!

Recebo o envelope com o dorsal/chip, uma camisola técnica da Asics alusiva á prova, uma manga da mesma marca, 1,5l de água, um gel, uma barra e uma maça..tinha as mãos cheias. Do outro lado a sport cience oferecia isotónicos e pedacinhos de barras e gomas.

Refugiei-me numa esplanada e comecei a preparar o material. Caras mais ou menos conhecidas iam cruzando por mim, os quase 500 atletas inscritos anunciavam a excelente comunicação que a marca U.M.A e  a C.M Grândola têm feito em provas e imprensa. Eram 08:30H e estava pronto, comecei a descer em direção á praia, por todo lado se viam atletas, uns isolados a olhar o horizonte, outros sentados, a alongar ou deitados com as pernas elevadas, cada um á sua maneira tentava ocupar a cabeça e tentar concentrar-se na prova. Sempre tive má relação com os speakers não sei porquê mas acho-os enfadonhos e chatos como a potassa este não era excepção de graçola fácil e parva lá ia entretendo, a organização anunciou que se iria realizar um briefing pelo que solicitava a presença dos atletas na praia. Começamos a descer em direção ao pórtico da vitalis (leitura chip) um dos patrocinadores da prova e em seguida ao pórtico principal da Asics ( partida) o campeonissímo Carlos Lopes é aplaudido por todos em reconhecimento ao grande senhor do atletismo e padrinho da prova há muitos anos.


O tiro de partida foi dado pela presidente da edilidade que com um excepcional manejo de armas de tiro por pouco ainda lá estaríamos se não fosse a providencial ajuda do C. Lopes.
Partida !! Posiciono-me á direita da saída e procuro rapidamente focar-me no estado da areia, vejo que a mesma está muito mexida e levantada, a cada passada sinto a sapatilha desaparecer, sinto a areia grossa e áspera friccionar-me o pé como uma lixa
 




 
Os atletas espalham-se em 2 corredores, enquanto uns optam por correr junto á água outros mantêm-se na parte superior da duna, ao meio apenas esporadicamente uns descem e outros sobrem , ninguém se entende, a progressão é lenta e penosa, meto-me no rasto da moto 4 já o ano passado o havia tentado e não é diferente, procuro terreno não pisado não dá, desço até á água pensando que iria melhor nada disso areia muito grosa e empapada era como um pântano, uma onda rebenta mesmo em cima dos atletas tudo  molhado até aos joelhos. Não me enervo e até agradeço a areia que estava na parte superior do rebordo saiu ou entrou mas não me incomoda. Á minha frente vejo o Luís Parro que segue junto á água, como sempre colo-me e sigo com ele, a dificuldade é enorme ao fim de 5.5k (praia da aberta-a-nova) olho para trás e vejo uma multidão a caminhar desordeiramente uns andam e outros correm mas todos devagar, sinto que se continuar assim esta prova vai fazer muitas vitimas eu incluído, estava bem preparado mas nada me preparara para aquilo..




Mentalmente faço contas e verifico que estou a atrasar-me muito. Sinto as pernas pesadas e o gémeo da perna direita  começa a reclamar..8 k estou a menos de 1/5 da distancia total. Mesmo assim reparo que não estou sozinho na dor mais de metade está atrás de mim e tentam superar a dor com uma forte capacidade de resiliência. O Luís Parro começa a ficar ligeiramente atrás e pede-me para seguir..km 13 o terreno mantém a inclinação forte mas começo a sentir firmeza e tracção será desta? Reparo que as regras não se aplicam a todos e uns seguem junto á arriba á sombra e em terreno mais consistente, compreendo-os e quem sou eu para os julgar.

km 14,5 nova passagem pelas velas ( que assinalam a cada praia a distancia) é um ponto de controle que fazem em 5 praias e onde registam os tempos e as passagens. O fotógrafo tenta obter a melhor foto enquanto passamos. Eu já venho há muito com as sapatilhas na mão e continuaria assim até ao km 28.5.


Km 20 praia do carvalhal, oiço alguém chamar por mim.” Jorge.” Olhei e vi o João Paulo Carvalho

- Como estás amigo? Estás bem? Tem sido duro?

Lá respondi que estava bem e que me sentia mt bem, apesar de reconhecer que até aqui tinha sido duro. Mas estava mt bem e esperava que o piso melhorasse pois que aumentar a cadencia de ritmo.
Informa-me que vou com quase 2.40h de prova aos 20 km …o que dava uma media de 8 min/km ..e ainda faltam 23Km respondi!!

Mas sei como funciono, sentia-me com força e apenas faltavam 8 km e mais uns trocos até ao abastecimento da Comporta “ nessa altura calço os sapatos” e dou o litro!!
Sinto que começo a ganhar força bebo um gel de maça e banana por sinal mt bom  e bebo á agua que restava do bidon laranja. Porreiro vai já para o cinto é é menos uma coisa nas mãos. Sinto que ganho terreno aproximo-me rapidamente e vou passando os da frente, calma gere o esforço ainda faltam muitos km..

Curiosamente e para alegria de todos, começo a sentir que os veraneantes aplaudem os ultras e começam a apoiar é mt bom receber este apoio quando estamos no limite das nossas forças e apenas a cabeça nos impele para a frente. Obrigado pessoal

 

 
Consigo chegar-me atrás de um duo e sigo com eles em silencio, apenas recortado pelo som do mar e dos passos arrastados de um deles..nesta fase vejo um senhor com uma geleira azul que lhes forneceu 2 garrafas de água..fiz que não vi ( não me interessa ) mais atletas á frente para alcançar agora que faltam 5 km e pouco..sigo atrás de um mas parou de repente e foi para dentro de água molhar-se até aos joelhos..sigo..é incrível a capacidade que temos de nos abster de tudo o que nos rodeia e não pensarmos em nada ..Apenas ouvia a minha respiração, a cadencia dos meus passos, mais nada ..ligo mp3 e a musica não vale nada  ( a pior da selecção foi a que me calhou ) quero lá saber , parar é que não paro. Recomeçar custa muito mais.



 
Sinto que faltam 3-4 km há um recorte de uma pequena bacia penso –“depois daquela curva já vejo melhor os prédios! chego lá e outra curva enorme que se estendia a perder de vista novamente me veio á cabeça –“ agora é que é , depois daquela curva já vejo melhor os prédios!  Fim da curva ainda havia mais outras e a mesma promessa, sinto-me muito bem, já que faltam não mais que 2 km vou tentar acelerar, fixo um atleta de verde que se via que também queria vender cara a sua participação e não se queria arrastar era longe talvez 300-400 m de distância –“tem de ser vou apanhá-lo!” sinto que me aproximo muito rapidamente, entretanto vou passando outros que iam no seu ritmo e ignoravam por completo esta luta titânica que eu travava com a minha cabeça. Cheguei a uma zona em que já se avistava um pórtico enorme azul da Asics a ladear a chegada dezenas e dezenas de espectadores e atletas aplaudiam e encorajavam os mais atrasados o atleta de verde sente a minha proximidade e reage na ultima centena de metros ..mas nada havia a fazer eu estava em cima e estava forte.. Queria cortar aquela meta com determinação e força, queria mostrar àquelas areias e mar que ainda não foi desta, ás provações a que me sujeitei que ainda é preciso mais para me vergar e a mim próprio que sou capaz e quero continuar depois de um ano de lesões e de muitas limitações.
 
 


 

 
Esta feita a Ultra maratona Atlântica de 2013 e enquanto me dirijo para a sombra para beber e comer já estou com saudades do dia em que sai de casa e me atrevi a desafiar a força das areias da costa Alentejana. 

 

 Sentia uma felicidade imensa, sentia-me privilegiado por fazer parte da festa

 

Mas depois fica um sentimento estranho e inexplicável

Pegamos nas coisas mochilas ás costas (depois da massagem) e saímos de costas voltadas para aquele pórtico testemunha silenciosa que presenciou a capacidade e o querer daqueles que passaram por baixo da sua sombra. Apenas me voltei uma vez ao fim de alguns minutos para comtemplar e quem sabe tentar preservar na minha memória um pouco mais do que aqui vivi e daqui levo..

 

Depois de uma U.M.A jamais somos os mesmos…


 


 




 


 

 

 

 




 

 

 

 

 

 


 




 



 

 

 


 

 

 

 



 



 

 


 


quinta-feira, 16 de maio de 2013

ainda á volta com as Meias...

Caro Diário de corridas,

bem sei que estou em falta há algum tempo e que sentes a minha falta,

mas há tanta qualidade nos outros blogues que me entretenho a ler depois das provas e acho que está tudo dito. 

4 dias após a Meia de Setubal resolvi falar sobre a prova porque cometi um erro enorme no dia anterior ao fazer um treino de 16.5km com um amigo que anda muito mais que eu e não ía fazer a prova de Setubal. que me sirva de lição e possam outros retirar ilações.
demasiado confiante esqueçi  e ignorei regras básicas, sendo a mais importante aquilo que o meu "corpo" me diz!
tinha acordado como se não tivesse descansado, sentia uma ligeira dor nas pernas, principalmente na coxa direita mas nada que me assustasse estava confiante, o corpo refilava e pedia descanso- " é só esta..!!"





 dobrava a perna com dificuldade

já está!!

Sabia que a meia maratona de Setubal ía ser dificil, que a canícula abatera-se sobre a zona peninsular e achava o incio da prova muito tarde, pelo que o calor anunciado ía fazer baixas, sabia tambem que o traçado da estrada da Mitrena é uma grande seca com as suas rectas, viadutos e estaleiros distribuidos ao longo do sado. Mas tinha em mente um objectivo muito claro "01.40h" 

O ritmo teria de 04;42" / km para um atleta como eu é algo muito ambicioso. No entanto estava determinado a faze-lo, mas já lá vamos ..
A prova começou com o habitual ambiente de festa, muitas caras conhecidas destas e d´outras paragens que conhecemos e vamos cumprimentando, Pedro Carvalho, Ana Pereira, João Lima ( de relançe)  Fernanda Parro, Anabela Tavares, Chantal Xervele, Carmén, Custódio, Eusébio,,,etc  e são tantos os amigos que vamos vendo que nos encehm de alegria e vamos distribuindo beijos e abraços.

Setubal engalanada aplaudia os seus atletas, muita gente espalhada ao longo da avenida e das ruas do centro da cidade um espetaculo bonito e motivador. Saida na Luisa Tody ( parque José Afonso " Zeca" ) viragem na 22 Dezembro á esquerda onde todos corriam em forte concentração eu tive logo de moderar o passo ía a 04:10/km , sendo a 1ª vez que fazia esta prova desconheço o traçado anterior mas o percorrer o centro da cidade foi muito especial para todos, após alguns kms desembocá-mos novamente na Luisa Tody e virámos á esquerda para a 2ª fase da prova, abastecimentos de água de 2.5km em 2.5km deixavam antever que algo ia faltar na parte final..mantive-me sempre calmo e a travar pois era fácil nos 5 km iniciais acelerar e comprometer o meu objectivo, nesta fase comecei a sentir algum incomodo porque tinha posto protector solar á pazada e escorria para os olhos o que me provocava uma sensação de ardor intenso e por vezes deixei mesmo de ver (impressionante) o ritmo mantinha-se forte sendo apenas quebrado no 1º viaduto, porque já conheço a peça reduzi muito o andamento e deixei-me ir com um grupo até galgar o viaduto que não sendo muito empinado é comprido e ao km 6 -7, retomei o ritmo e forçei mais um pouco para tentar manter-me dentro do objectivo, aqui andava ligeiramente acima dos 04:40"/km .

O retorno era no final da estrada. Como ainda não via os atletas de topo a regressarem calculava que haveriam de faltar ainda uns 2-3 kms para o retorno. começo a sentir as pernas muito pesadas, uma dor na coxa direita não impedia o ritmo mas tornava-se chata e preocupante, vejo o Pedro Carvalho e convido-o a vir comigo, cautelosamente mantem o seu ritmo.
Sou acompanhado por um atleta de meia idade que seria uma excelente lebre se eu tivesse forças para o acompanhar.
Retorno, nestas alturas animicamente sinto-me muito melhor e posso fazer o calculo do resto do percurso mentalmente, as médias, os tempos de passagem, etc...estou a trasar-me muito !!
não me recordo de ter saltado um abastecimento mas aqui parecem-me mais afastados, em menor quantidade e onde faziam mais falta, não quero ser cruel com a organização pois sei o tremendo esforço que faz para manter uma prova tão importante,sem meios de apoio significativos.

Outra vez o viaduto ? e desta vez tinha de fazer a rotunda em toda a sua extensão, ciclistas ao meu lado passam e cumprimentam-me sei quem são, fiz parte deste grupo, oiço falar que um caiu..??? que chocou com um atleta ??? no coments!! sigo agora em esforço, aguento a passada de um companheiro que vai á minha frente e diz-me que com este ritmo prevê fazer 01;50h , desalentado deixo-o e tento manter-me focado mas era dificil, um cansaço enorme percorria-me desde os pés até ao pescoço, doia-me a coxa direita como se fosse  abrir ao meio!! mas nada podia fazer quanto a isso..vejo a placa dos 17 km faltam 4 km para conseguir aproximar-me do meu objectivo tinha de trocar de lugar com o ciclista ..e nisto ri-me que nem um perdido (ainda me cansei mais..bolas ..!!) na minha cabeça eu ía abaixo dos 4 :00/km mas o Polar indicava 05:00 e ate mais..3 km entrada em Setubal vi o Ferry falta pouco, mas 3 km são sempre 3 km e áquele ritmo significa mais 15 minutos de penadouro..só pensava - "vai Jorge..falta tão pouco!"
 mas as pernas não obedeciam, alternava entre passada curta e ritmada e passada larga para respirar..nada mudava a não ser o Gps a indicar mais e mais atraso por km..ultima tentaiva, já via o pórtico da chegada do outro lado da avenida e eu ía com 01:42h, passa por mim um casal e nem reajo,faltaria menos de 1 km mas sentia-me cansado e sem reacção..viragem á esquerda e sinto a presença de uns colegas a arfar desalmadamente, insititivamente reajo e acelero sinto um gosto esquisito na boca seria sangue? conheço-me reagi por instinto e tornei-me subitamente forte, acelerei de raiva e cortei a linha com 01:45h.

não contive a alegria de ter terminado bem e por ter conseguido ter feito 2 provas em  2 dias

sabado fiz um treino de 16,5 km em 01:20h

vejo isto como uma aprendizagem:
- respeitar e ouvir o corpo
- antes de uma prova não treinar na vespera
- não saltar abastecimentos
- ser humilde!!

terça-feira, 2 de abril de 2013

Agenda cá do rapaz


Após uma breve paragem depois de Badajoz,

em que me entretive a aprender a nadar com tanta chuva, vou regressar ás corridas e convidaram-me para participar nestas provas:

 

Dia 7 Abril :   Corrida dos Sinos 15 km estrada  ( Mafra)

É já no próximo domingo e pelo que tenho lido é uma excelente prova, com um percurso bonito e  com uma boa organização ( oferecem 1 sino pela participação )  

 
Dia 21 Abril : Raid Atlético vale de Barris 30 km trail na zona de Arrábida e vale de barris ( Palmela)

Pouco sei sobre esta, além de que se desenrola em plena serra do Louro ( Palmela) e parte da Arrábida, maioritariamente por Trail . bastante dura pois nas fotos deu para ficar com uma ideia..Um empeno á maneira !!

 

Dia 28 Abril : 1ª  ½ maratona de Almada  21 km estrada

A nossa ½ maratona da malta da margem sul. Já fazia falta uma prova com esta distancia e que possa trazer muitos atletas a participar. Com percurso interessante e bonito , não é prova para fazer os melhores tempos na distancia ( pelo menos para mim)

 

Dia 12 Maio :1ª corrida Fórum Montijo  10 km  misto

O flyer refere que o percurso permite desfrutar da natureza rural , deve ser uma prova gira !

 

E para já é só no que me quero meter..se alguém souber mais informações sobre as provas ..diga qq coisa sff.

 

Bons treinos e uma excelente semana

 

terça-feira, 19 de março de 2013

A internacionalização das sapatilhas (Badajoz 17 Mar 2013)



No rescaldo da minha 2ª maratona de estrada.

 

Depois de Lisboa em Dezembro do ano passado e de algumas provas pontuais como a S.Silvestre de Lisboa, 20 km de cascais, o G.P do Atlântico, a Corrida das Lezírias, arrisquei a Maratona de Badajoz.

A expressão “arrisquei” assume especial importância pois ao contrário da maratona de Lisboa a 9 dez 2012, a minha fase de preparação foi drasticamente reduzida, sendo que nas ultimas 3 semanas não fiz um único treino e as provas que fiz, acabei sempre com muito esforço, nomeadamente os 15,5 km das lezírias a deixar mossa nos dias que se seguiram. Não sou propriamente um Homem com muitos medos mas confesso que só fui a Badajoz precisamente pelos compromissos assumidos e pela vontade indomável que qualquer maratonista tem que ter. Saímos de madrugada e a viagem apesar de não ser muito longa sempre requer pelo menos 2,30h até ao hotel em Elvas. Reencontro com o resto da equipa acabámos por tomar todos o pequeno-almoço e levar reforço para pós-prova.

Com a diferença horária não quisemos arriscar e fomos mais cedo para Badajoz, á entrada verificámos que a organização ultimava os preparativos e fechava ruas e avenidas, deixámos o carro em frente a Biblioteca publica um enorme complexo todo modernaço e garantidamente maior do que seria necessário para uma cidade raiana com pouco mais de 150.000 habitantes. Parqueamos facilmente e á borliú e fomos ver a fiesta. Numa artéria paralela ao Guadiana de nome "Passeo Fluvial" onde estava instalada a meta de ambas a provas, a ½ maratona e a prova principal dos 42,195m. Muitas caras conhecidas de outras bandas, como a nossa Analice Silva uma Matriarca de "M" muito grande e cuja estória de vida dava um livro, o José C. Melo dos Run4Fun, Chantal Xervelle, Cármen Henriques (CPA) Custódio António (CPA) e tantos outros que por má memória não me recordo dos seus nomes.

A enorme quantidade de Portugueses realça a importância da relação entre os 2 povos irmãos. Mais de 150 atletas lusos entre 665 no total é obra (acresce dizer que havia prémios monetários ;)))

Os espanhóis não sendo o melhor exemplo de organização, se há coisas que levam muito a sério são as horas e a hora da partida e fecho de provasestão na listagem. Pontualmente ás 09,30h hora local (08,30h nossas) foi dado o tiro de partida para a XXI Maratón Popular Ciudad de Badajoz. A saída foi muito rápida ao contrário de Lisboa que é uma prova muito maior com muito mais aderência de atletas internacionais e nacionais, saímos em direcção á puente Universidad, depois de cruzado o Guadiana virámos á esquerda na rotunda e entrámos numa avenida muito comprida Av. Adolfo Diaz Ambrona com várias rotundas á boa maneira cá do burgo, Av de Elvas e seguimos sempre em direcção ao parque industrial da Cidade e também caminho para Portugal ( 5km) o retorno com leitura de chip deu-se no final da avenida e o regresso fez-se pela via contrária, bem sinalizada e bem policiada a prova ofereceu sempre segurança quer a atletas quer a condutores graças á enorme simpatia que os espanhóis têm pelos atletas quer pela organização que previu pontos de passagem e garantiu sempre elementos da organização presentes em cada local de travessia. O regresso á outra margem foi pela outra ponte ( Puente de Palma) sendo que seguimos pela calle Manuel Saavedra martinez , virámos pela Av. Augusto Vasquez e atravessámos a enorme ponte pedonal que tem um aspecto espectacular onde se encontrava um batalhão de apoiantes que não se cansaram de bater palmas a quem passava fosse ele o 1º ou dos últimos, á esquerda entrávamos na calle Valladolid que conduziria ao extremo da cidade, uma zona mais residencial e onde populam bairros de construção económica com moradores não menos entusiastas á passagem dos atletas “la fiesta” se fazia das janelas com enorme apoio e sempre um “ Animo” “fuerza” :
  Tinha decidido fazer uma prova mais com a cabeça do que com o coração, sabia a miséria de preparação, estava a recuperar de semanas de enfermidade e de exames chatos como tudo. - " calma Jorge com Cabecinha e acabas isto”  marquei um ritmo no relógio para andar devagar na fase inicial, pois sei que é fácil entusiasmarmo-nos e depois a factura paga-se e de que maneira..A prova é de fácil retrato pois são 2 voltas aproximadamente iguais, sendo que a 2ª tem mais uns 250 m para totalizar os 42,195m da IAAF. A primeira volta foi feita num ritmo muito acessível de 05,32´ / km passei pela primeira vez na meta com 01:55:39 e sentia-me muito bem. Nesta altura acompanhado por um colega de equipa (José Matos C.P.A) e de uma atleta de Portalegre Catarina Ladeira (os meus parabéns pela excelente prova).

 

Na segunda passagem pela Puente Universidad senti algo estranho acontecer em mim, uma quebra súbita de força, tomei desesperadamente um gel e esperei que não fosse nada, mantinha o ritmo com dificuldade, tinha vindo sempre a liderar o trio de maratonistas desde o inicio e agora sentia-me a perder as forças. Não sentia dores (ainda) mas não conseguia manter o ritmo proposto de 05;30 /km. Ao km 27 senti que tinha de abrandar,  mandei-os seguir pois precisava de recuperar no abastecimento seguinte. Parei e bebi um copo de isotónico sem me preocupar com os segundos perdidos, abri uma garrafa de água e emborquei-a de uma vez. Retomei a corrida bem atrás dos meus companheiros que se afastaram umas dezenas de metros. No retorno já com o vento pelas costas tentei aumentar a velocidade e recuperar lugares. Em sentido contrário cruzava-me com o enorme pelotão que se estendia pela faixa contrária ainda uns quantos kms atrás de mim, mesquinhamente fez-me recuperar a moral. Sentia o depósito a entrar na reserva, comecei a sentir dores nas pernas, nas coxas, no músculo vasto lateral, no musculo recto da coxa, em suma tudo me doia ..ainda do outro lado da avenida ainda em direcção ao 2º ponto de retorno vinha o carro vassoura a fazer guarda de honra aos atletas retardários ( grd pressão) não sabia mas eles tinham pontos de fecho da prova a cada km, e o regulamento ditava o fecho da prova ao fim de 5 horas e nem mais 1 minuto (14,30 hora local)
 



A cada 2,5 km ou seja a metade dos abastecimentos de líquidos, haviam pequenos ( P.E) com esponjas encharcadas em água, num deles perto dos 30km agarrei na esponja e fiz uma rápida e vigorosa massagem nos gémeos, o tempo ameaçava chuva desde o inicio mas apesar das nuvens negras de sul mantinha-se sem chuva.. km 32 um choque percorreu-me o gémeo da perna direita, que saltitava como se fosse uma peça dos flippers “-  impressionante…” parei esfreguei-o e bati com o pé no chão algumas vezes para o pôr no lugar, não me doía muito ou se calhar já não sentia , nesta altura chovia e fazia trovoada, remeti para um choque térmico a desgraça em que me encontrava, sou passado no final da calle José caldito Ruiz por uma colega com uma camisola com a nossa bandeira cozida nas costas creio que se chama Sofia Roquete da Atiba, um aspecto curioso: Nesta altura chovia muito, devagar passou por mim sem que eu pudesse reagir, afastou-se alguns metros e segui-a a uma distancia curta, não me queria afastar , aquela visão da bandeira mãe dava-me a motivação perdida, nisto um relâmpago enorme surgiu e ela parou de imediato, começou a caminhar e apanhei-a, dei-lhe a minha mão puxando-a “- vamos, não pare agora!! ” ,  “é Português ..Olá ..vamos!” seguiu atrás mim e na subida começou lentamente a ganhar ritmo e foi-se afastando á minha frente sem antes me ter agradecido e sorrido, a ultima subida é enorme e estava á minha frente, não que fosse muito inclinada mas era muito extensa de nome Ctra Madrid parecia interminável, o meu ritmo e dos que iam á minha frente roçava o ridículo era demasiado lento para ser verdade, novo P.A agarrei num copo de bebida isotónica “ Aquarius” e numa garrafa de águas que despejei pela perna direita,  não olhava para o relógio, e sabia que faltavam ainda alguns kms 7-8-9 não queria saber, passava-me tudo pela cabeça, coisas do estilo “ As dores são passageiras mas a glória é eterna “ , “ dos fracos não reza a História” , “ és maratonista e sabes que não há maratonas sem dor.” “ se fosse fácil estariam cá outros e a maratona era um passeio domingueiro..”  , “ estás  a representar o teu País vais ser medalhado e serás internacional” é engraçado como o facto de andar alguns kms fora de Portugal nos provoca estas reacções pátrias,,” ficaram com Olivença , mas com a minha medalha não ficam..” por aí!!

Quando terminei a Ctra Madrid, virámos aá direita em direcção ao centro da cidade na calle Corte de pelleas..uma descida abençoada, atravessei a Av. António Cuellar Gragera, Ronda Pilar, Av Cristobál  Colón, Godofredo Ortega Munóz nesta avenida o que me ri com o nome, desde miúdo que me griso todo com o nome Godofredo, bem sei que são palermices mas tem piada.."O Godofredo tem um cú que até mete medo,,” naquela desgraça Franciscana (Viva sua santidade o Papa Francisco) e a rir-me de um nome ..Realmente a falta de açúcar provoca "ainda mais" ataques de parvoíce na minha pessoa.

Acabara de entra na Av. Puente real estava quase, á minha frente vinham 2 atletas num sofrimento que só visto, um que era de Tomar (Português) e outro de azul que mais parecia ter sido empurrado de uma montanha russa (espanhol) no desporto apesar da competição não há nacionalidades no sofrimento e na solidariedade, ao passar por eles toquei-lhes nas costas e disse “ está quase força..” o espanhol nem com umas sevillanãs em desfile da victória secret levantava o olhar do chão, mas levantou a mão em agradecimento e um hi-five sentido..calle republica Domicana a ultima recta antes de virar á esquerda e entrar no passeo fluvial onde estava a meta..entro nos últimos 200m e começo a ver o pórtico com a speaker a anuncia “ Y com el dorsal numero ciento e três Jorge Góis..”  cruzei a linha e recebi uma medalha engraçada com a inscrição FMD XXI Maratón Ciudad de Badajoz e no verso a PUENTE DE PALMAS aquela que é pedonal e deve ser antiga como o catano.

 

Dirigi-me para a barraca dos bolicaus e despachei logo 2 , no primeiro ( com a ganância) amandei uma dentada num Tazo que até estalou..bolas"lembrava-me lá eu que metem moedas de plastico nas embalagens?"  Bebi um powerrade azul e dirigi-me ao carro, o meu colega de equipa e de prova tinha chegado 3 minutos antes mas ía com um andar diferente..novo! ahahahahha, mudamos de roupa e fui até á tenda da Cruz Roja para uma massagem, a simpática mandou-me deitar de barriga para baixo e meus amigos se não morri ás suas mãos devo chegar aos 100 anos ( é perseguição)  nem imaginam o que passei nas mãos daquela Chica. Ainda a avisei por 2 vezes á 3ª disse-lhe que estava bom ..ela ria e dizia que tinha uns nódulos que tinha de desfazer, porra pra gaja mais o raio..!! o que é certo é que depois daquela provação senti-me melhor e até ainda tentei correr para o carro, o Sol brilhava alto (claro! como já me podia resguardar  não chovia) fui para uma escola ver a entrega de prémios quase todos atribuídos a Portugueses ;))))

 

E voltámos a casa, não sem antes comer umas bifanas em Montemor e umas cervejas pretas.
No Place like Home !!

Pró ano…?

 








Humm….acho que não , pelo menos por agora !

segunda-feira, 11 de março de 2013

Eu corro "com" os outros e não contra os outros.

 
Ontem participei mais uma vez com as cores do clube de Praças da Armada,
com o dorsal 1830

 A prova escolhida foi a CORRIDA DAS LEZÍRIAS promovida pela Xistarca com a iniciativa da Edilidade local.
Uma prova simpática que com os seus 15,5 kms permitiu fazer um treino (ultimo) de preparação para a aventura espanhola do próximo fim-de-semana. Foi a minha primeira participação nesta prova e gostei. A organização não ofereceu falhas, o tempo ajudou e os atletas compareceram em força com mais de 1600 finalistas só na prova maior.    
    Tinha decidido fazer uma prova com a cabeça, sem pressão de tempo e com um ritmo que me permitisse retirar todos os benefícios do último treino longo antes da maratona. As duas últimas semanas tinham sido dolorosas com inúmeros exames, analises e gripe que com os seus 38,4ºC - 38,6ºC constantes indiciou que poderia ser mais do que uma simples gripe, fragilizado tive que fazer um batalhão de exames.

A semana de dieta forçada fragilizou-me de tal forma que custei a acabar esta prova. Acresce a total  falta de treinos também foi determinante para que as dores musculares se fizessem sentir logo ao km 5

 Comecei de forma calculada e cuidadosa, com o afunilar das ruas na fase inicial, o pavimento empedrado e a enorme quantidade de atletas, tomei as precauções possíveis e fui na enorme massa colorida que atravessou VFX, virámos á direita e atravessámos a ponte para o lado sul, 1º grande momento com a subida da ponte marechal Carmona a fazer as primeiras vitimas. Viragem á direita para um estradão em plena Leziria com o campino e o seu cavalo a indicarem a direcção ..espectáculo!! a partir daí a estória é simples 4,5 km para cada lado até ao ponto de viragem e novamente regressar até á EN10 e ao alcatrão, viragem á esquerda para nova travessia do Tejo já com o transito a fluir normalmente aumenta a tensão e seguimos em coluna , daqui até á meta são cerca de 2 km, pensei que era a altura ideal para esticar um pouco e aumentar o ritmo, ainda tentei num assomo breve mas vi que não conseguia fazer comque as pernas reagissem, não conseguia mudar de ritmo nem para cima nem para baixo, tinha programado o chip para os 5´ / km e não consegui mudar ...depois na descida da ponte virámos á esquerda  e ao entrar em VFX tentei novamente, marquei um alvo e fixei-me nele mas as pernas não queriam ..ao principio admirado ainda soltei um desabafo, resoluto veio-me á memória a verdadeira razão porque corro!! da alegria que retiro deste desporto e que não corro contra os outros, mas sim com os outros..Senti-me muito bem com esta verdade absoluta de um corredor de pelotãosó assim faz sentido para mim..

 Cortei a meta com 01:18:00 satisfeito por terminar mais uma corrida, recebi a medalha das mãos de uma menina da organização numa mão e na outra uma garrafa de água xxl que virei de uma assentada 
havia fruta na tenda e muita animação no ar
 

Um final feliz para uma manhã 5 estrelas

 

Para o ano..se puder regresso , palavra de corredor!!

 



terça-feira, 26 de fevereiro de 2013