quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Correr por todas as Causas


A Maratona

Na realidade todos gostamos de desafios e é condição humana superá-los. Para os superar construímos estratégias, definimos linhas de actuação, métodos inovadores e alguns arriscados, mas que achamos serem os mais eficazes. Os que ousam desafiar as leis do conforto e do comodismo e se propõem fazer estas aventuras, têm bem definidos os seus objectivos e sabem como os atingir (mais ou menos)
Não conheço ninguém (não quer dizer que não haja) que faça apenas por espírito aventureiro, sem uma base de trabalho e preparação prévia e com uma condição psicológica fortemente marcada pela resistência á dor e ao sofrimento. Sim, porque iniciar uma prova de longa distancia como a maratona é ter como garantia a dor e o sofrimento. Acho até que é condição prévia sem a qual não seria Maratona.

 
Mas fala-se tanto em maratona pra cá, maratona pra lá o que é mesmo esta prova? Como surgiu? Quem se lembraria de correr 42195m?

Bem, relatam os entendidos (é uma das versões mais aceites):
   Remete-mos o Tempo ao ano de 490 a.C., quando soldados atenienses marcharam até a Planície de Marathónas (Μαραθώνας) Cidade grega pertencente á área concelhia (?) de Ática na periferia de Atenas, para combaterem os persas, na batalha que fazia parte das Guerras Médicas. Como estavam em um número muito menor, os gregos precisavam de reforços para conseguirem a vitória. Desta forma, o comandante Milcíades resolveu escalar um de seus melhores soldados para cobrir a distância de 40 km, que separava a cidade de Marathónas da capital Atenas.

 

           Pheidippides foi o escolhido para a tarefa de percorrer o percurso acidentado até a actual capital grega. Quando lá chegou esbaforido e vermelho como uma malagueta caiena, conseguiu reunir cerca de 10 mil soldados, com os quais voltou para o local da batalha.
Após a vitória sobre o poderoso exército persa, Milcíades decidiu mandar novamente ( para mim era motivo para o soldado desertar) seu experiente corredor até Atenas, para passar a boa notícia.
 
com os bofes de fora Pheidippides correu novamente os cerca de 40 km que separavam as cidades, e quando chegou conseguiu apenas dizer uma única palavra antes de cair morto. “Νενικήκαμεν” (Vencemos). a falta que faziam os telemóveis!!
(resumo de fontes várias, senão saberia lá eu que tinha havido guerras médicas e que o Milcíades entalou o Pheidippides)

 
O porquê da distância? 
Corria o ano de 1896, em homenagem ao herói ( tótó) grego, os organizadores dos primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna decidiram criar a prova, que, a princípio, possuía cerca de 40 km. A distância actual só foi fixada no ano de 1908, nas Olimpíada de Londres, para que a família real britânica pudesse acompanhar o início da prova do jardim do Palácio de Windsor. ( eu sabia.. há sempre ingleses metidos á molhada)

Ok,  já sabemos mais um pouco sobre a história da maratona, mas porque consegue a aderência de dezenas de milhares de pessoas todos os anos em todas as partes do mundo?

Porque é um enorme desafio pessoal para uns, porque é uma aventura para outros,  porque pode existir uma causa solidária para todos, altruísta pois destina-se a angariar fundos para obra social, em homenagem a alguém que poderá já não estar entre nós. Todas as razões são válidas e aceites. Nem todos correm só pelo gosto da corrida, cada vez mais se vê pessoas a correr com outras motivações. Como referi no inicio a dor é condição prévia da maratona, quem se inscreve e participa sabe que vai sofrer em algum ponto da mesma, agora vimos a existência de sofrimento, de causas sociais, etc..não haverá aqui também um questão de Fé?
     Não queria entrar por aí e vou sair o mais rapidamente, mas acho que sim ..Mas uma fé em sentido restrito, único e intransmissível, muito pessoal e intimista  

Pelo que em sentido lato, universal impregnado de fé religiosa cristã ou outra, não me parece lógico e isso tem outro nome ( romarias)

 Eu corro por todas as razões e mais algumas. E sou solidário com todas as causas ou razões que possa e deva conhecer, há uns tempos numa prova vi um senhor com fotos de uma bebe acamada, eu corri por ela também, noutra ocasião uma outra t-shirt onde se lia a inscrição “ correr por quem não pode” senti um repentino e compulsivo interesse de correr  por essa causa também e por todas. Acho até e á falta de melhor explicação que sou um atleta solidário universal.  talvez seja a melhor definição para mim.
        O desporto tem essa particularidade única de aproximar as pessoas, de as tornar mais solidárias, mais interessadas para os aspecto da vida de todos nós, correr por todas as causas é a minha motivação para esta prova ( Maratona de Lisboa) e correrei por quem não pode, por quem precisa, pelos doentes e pelos necessitados, por quem já partiu e pelos que sofrem. E tambem pelo meu pai homem simples e melhor amigo a vida me ofereceu  e que a ordem natural da vida me levou.

 

Se a  Maratona é um desafio ..correr por todos é uma honra!!!

2 comentários:

Corre como uma menina disse...

Também vi t-shirts do "correr por quem não pode" na Meia Maratona da ponte Vasco da Gama. Em último caso, todos corremos porque "podemos", e esse é um privilégio de que nem sempre estamos conscientes.

Bonito texto.

Jorge Goes disse...

Olá M
obg pelo comentário.

sem duvida que se pensassemos um pouco seriamos muito mais felizes

bj