terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Alguma Pista sobre os efeitos da Pista ?


Pista,

 
Desde há muito que ouvia os colegas de treino falarem maravilhas sobre as virtudes dos treinos em pista.  Chegámos mesmo a combinar fazer 2 treinos semanais neste ambiente.
Por diversas razões nunca aderi a esta ideia. Mas confesso que tinha alguma curiosidade em fazer um teste

 
Ontem porque saí mais cedo, fui treinar para a pista de atletismo Carla sacramento

http://sportragal.com/estadio-carla-sacramento/

 
Dirigi-me á secretaria onde me apresentaram as condições de admissão e custos para as sessões de treino livres. Cheguei á conclusão que para quem quer manter os treinos de pista com regularidade deve inscrever-se +/- 11€ e aderir a um dos pacotes de treinos que são carregados num cartão personalizado. Assim sempre que for treinar será descontado um treino ao pacote que aderiu de 5, 10, 15 ou mais treinos, tem ainda a vantagem de não haver prazo de validade para os mesmos. Eu como ainda ia naquela de saber o que era e se ia gostar preferi pagar um treino livre +/-1€ que não paguei por gentileza dos senhores. Após o protocolo processual encaminharam-me para a zona de balneários onde tinha um cacifo e chave por 1 € (valor recuperável ao sair) e daqui o acesso á pista.

 
Passo diariamente a algumas centenas de metros mas nunca tinha tido aquele ímpeto de entrar e treinar, realmente é enorme e com umas excelentes condições para treinar.

 
Iniciei uma volta de aquecimento, ajustei o relógio e comecei o treino.
           O piso é totalmente diferente da estrada, agarra mais, sem relevo, mais iluminado, não sentia o impacto da passada, é fácil uma pessoa entusiasmar-se e fazer treinos em ritmos mais rápidos.

Á medida que ia avançando comecei a sentir algum desconforto de andar sempre a correr á roda, na secretaria disseram-me para correr pela faixa exterior a menos que quisesse fazer séries e aí poderia utilizar a interior. 5 Voltas, 10 voltas sempre sozinho neste tipo de treino apesar de haver algumas dezenas de pessoas na pista nas mais variadas modalidades de atletismo, equipas aproveitam as instalações municipais e vêem treinar os seus atletas, ontem deveria ser dia das outras modalidades do atletismo, salto em comprimento, em altura e barreiras, digo eu! Pois eram os aparelhos espalhados pela pista junto ás bancadas e onde se concentravam a maioria dos atletas. As nuvens escuras pairavam sobre o complexo mas sem chuva apesar do frio gélido das 20h.

      15 Voltas e continuava sozinho de vez em quando vinham uns atletas a dar a volta á pista , mas era sol de pouca dura 1 volta e paravam. Outra volta e encostavam á box. Do lado da pista um corredor a dar a volta á pista,  de casaco laranja fluorescente pensei: -“ será desta?” como não tinha levado o polar não sabia a quantas andava mas calculava que seria por volta dos 5,20” isto mais ou menos a olhómetro. Pensei que o melhor seria apanhar o colega desconhecido e aproveitar a sua companhia pois sentia-me um pinguim no meio do deserto. Acelerei, acelerei e reparei que mantinha a mesma distância, pensei “ bem, deve andar ao mesmo ritmo que eu.” Olhava de lado para o outro lado da pista e parecia-me que era alguém com um passo mais lento que o meu e até amarrecado e eu não apanho o tipo? Aumentei o ritmo, senti que estava a nadar pra fora de pé e a distancia mantinha-se. Voltei ao meu ritmo passado uma volta ou 2 , sentia pelo canto do olho que do outro lado a distancia era menor , mas não era eu a apanhá-lo ..raios!

Mas quem..como..que raio!! Desisti de tentar apanhar o tipo, e só pensava ( intrigado) mas quem será? Que vem tipo TGV? Antes da 20ª volta resolvi encostar e fazer que apertava o atacador (ainda por cima elástico eeheheh) para me deixar ainda mais piurço era uma mulher, aquele temível tipo, afinal era uma senhora veterana (+40 anos) que com um jeito muito peculiar de se inclinar pra frente me estava a embaraçar..recomecei a correr sempre pela mesma linha e ela corria por dentro..por dentro!! Será isso? ela baldando-se prós conselhos do tipo da secretaria ia por onde queria e eu ( totó) desunhava-me para a acompanhar. Queria no mínimo fazer uma volta com ela,  melhor , atrás dela ..Sempre queria confirmar se o seu passo era mesmo este e o encurtamento das distancias se devia ao facto de correr algumas dezenas de metros a menos que eu, ou se afinal a senhora seria mesmo uma atleta á seria! O passo era (sem gps é-me difícil ser mais rigoroso) o mesmo que o meu, quanto muito as distancias seriam em principio as mesmas , mas não ..Quem corre por dentro corre muito menos? eu vi que me mantendo sempre por fora a distancia aumentava a olhos vistos..num assomo de vergonha e de embaraçado, disse: -“ mas quê isto? Um maratonista desiste assim..? conforma-se com as estatísticas das distancias entre correr por dentro e correr por fora, e fica feliz com a desculpa? leva uma abada de uma atleta que até nem vai depressa por aí além.?” dei a volta final (25) numa agonia que só deus sabe, a deitar tripas e bofes pelas orelhas mas apanhei-a, limpei os putos dos sprints e por pouco não chocava com um rapaz que atravessou a pista..foi tudo a eito!

Claro que a mulher deverá ter pensado, mas quem é este estrôncio que anda pra´qui a correr feito parvo..? Deduzo eu..mas como bem educada que será pensará apenas que sou um tipo a quem mudaram a medicação e deu-lhe pra´isto.

Ela acabou o seu treino e foi alongar-se no lado do campo relvado e eu ainda dei mais uma volta, em jeito de triunfo como se as bancadas estivessem repleta de admiradores e entusiastas e me aplaudissem de pé abada á outra atleta.

 
São estes pequenos nadas que nos fazem sonhar..e estimulam a continuar.

 
Sai pouco depois e comecei a sentir os joelhos (ambos) mas doíam mesmo! E os gémeos ??? mas de que seria? Seriam ainda os efeitos tardios dos 20 km de cascais? Seria do treino em pista ? daquelas voltas todas ? se equacionar-mos que corri 25 voltas x 4 curvas em cada volta = 100 !! Será da pista? Do tartan e eu de sapatilhas de estrada? Serei que abordei mal o piso e a outra atleta é que tem razão e correu mais ou menos umas 10 voltas e acabou o treino? Na altura senti os pés dormentes e ligeiramente inchados será da pista? Enquanto não souber o que é ..
 
Não volto lá !!

salvou-me o dia,  uma valente posta de bacalhau cozido com legumes ao jantar , carregandinha de azeite e um copo de vinho do monte dos Pêgos

tenho dito !
 
;)
 

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

20 km de Cascais


 Caro diário de corridas
 
faltam 32 dias


No domingo participei pela 1ª vez na corrida de cascais,

 

Há poucas semanas tinha passado naquela que considero das estradas mais bonitas do país, que liga Cascais ao Guincho. Sempre ladeada pelo atlântico bafejada pelos ventos marítimos e com uma paz que só mar oferece.

O meu objectivo para domingo era fazer um teste á minha capacidade física, marcar um ritmo de prova a pensar em Badajoz e sobretudo divertir-me. Fui integrado numa equipa a que aderi recentemente o Clube de Praças da Armada, um grupo de amigos e ex-camaradas que partilham esta mesma paixão pelo desporto e pela corrida. O dia anunciava-se fresco mas sem chuva, com nuvens altas o que baralhou as contas do pessoal mas friorento que levou calças e polares. Como sempre prefiro ter frio antes da prova do que andar a derreter durante a mesma (sei bem do que falo).

Em gesto de solidariedade acompanhei o coordenador do clube na entrega dos dorsais aos atletas do clube que tinham vindo por meios próprios. Admiro a paciência do meu amigo e colega responsável pelas inscrições e levantamentos de dorsais o speaker anunciava menos de 5 minutos para o inicio e andávamos numa correria á procura de um colega para lhe entregar o dorsal, mal sabíamos que já estava na linha da frente da partida. Como resultado acabámos por oferecer o dorsal a um senhor de meia-idade que veio ter connosco. Num sprint rápido ao carro para deixar o envelope e o saco com a t-shirt chegámos quando iniciavam a partida ficámos em últimos. Atrás de nós somente os da corrida dos 5km e os caminhantes. Começámos a andar e quando passei o pórtico já tinha decorrido 2 minutos e qualquer coisa, sabem o que é incrível? A meio da subida inicial já a algumas centenas de metros da partida ultrapassei pessoas que iam claramente passear na estrada a andar lado a lado, mas muitas que acabaram por se infiltrar no meio dos atletas da prova maior e por ali andavam calmamente no seu passeio domingueiro. (Disse-me um atleta que respeito a diferença entre partir em primeiro e em ultimo é que nos primeiros 500m levamos logo 400m de atraso) fomos furando como podíamos pela esquerda, direita por entre espaços e lá fui subindo, como não tive aquecimento acusei logo no início o choque muscular. Depois de concluída a 1ª volta de 5km com passagem pela meta (que ainda não entendi a necessidade) o pelotão já estava mais distendido mas o prejuízo estava feito, levava muitos minutos de atraso aos companheiros de equipa que se tinham posicionado no início da coluna. O meu companheiro de equipa bem mais rápido e talhado para provas curtas começou logo a ganhar terreno e desapareceu por entre a multidão. Consistentemente fui passando e sendo passado até começar a sentir-me bem e no meu ritmo. Começamos a sair de cascais em direcção ao Guincho mais á frente vejo a Analice grande senhora esta que no altos dos seus “quase” 70 anos brilha e faz brilhar qualquer prova onde participe. Trocámos sorrisos e votos de boa prova, passa por mim o António Goucha Soares, o Jorge Pinheiro dos Run for fun na sua t-shirt laranja inconfundível se ao segundo dei um hi-five amigo (foi meu professor na FDL numa cadeira de 4º ano Família e sucessões) ao primeiro não consegui falar pois desviou-se pra direita e eu sempre na esquerda pensei “ quando recuperar apanho-o” . a imagem do azul do mar á esquerda era inebriante , a coluna estendia-se a perder de vista por aquela estrada com um colorido tão peculiar como era bom estarmos aqui..a correr..

 

Nessa altura vejo as motos da polícia em guarda de honra aos atletas campeões que regressavam na bisga tocados a vento, palmas com fartura e puxar por eles. Em que outro desporto os próprios concorrentes aplaudem e puxam pelos que vão em primeiro? O retorno estava para breve a coluna dos que vinham em sentido inverso ia adensando e tornando-se cada vez mais compacta. Retorno!

Como sempre divido as provas por fases ou momentos, o retorno assinalava nesta prova o 3º momento/ fase.

1ª o primeiro circuito de 5km com 2ª passagem pela linha partida

2º de cascais até ao ponto de retorno

3º do retorno á linha da meta

 Não sei que impacto tem em mim, mas na verdade sou sempre mais rápido na fase final

 

O retorno aconteceu á passagem da 1 hora e 6 minutos. Senti o primeiro alívio com a ausência de vento na cara, foi precisamente nessa altura que me apercebi que tivemos uma sorte enorme com o tempo e com o vento. Senti na passada de 2 atletas que queriam fazer um tempo abaixo da 01,40h corríamos ora a 4,48” ou a 5,16” nesta fase era intermitente. Mais á frente vejo em sentido inverso o Amigo João Lima e a Isa (?) cumprimento fugaz mas sentido pelo respeito que nutro por este atleta que fez a sua estreia na maratona no mesmo dia que eu. Siga pra Cascais, ao largo passava uma embarcação que segui no mesmo sentido mas mais devagar, pescadores, palmas de espectadores esporádicos e muita alegria de alguns foliões que não perderam a oportunidade. Sinto-me pesado a noite anterior tinha estado em Sesimbra onde fui ver os mascarados após um dia extenuante na empresa, o meu pequeno almoço tinha ido uma desgraça, não me apetecia comer mas sentia fome então ia petiscando.

Torradas fiz um chá de limão, não comi nada com lactose. Continuava com fome comi uma colher de mel e uma banana, lembrei-me dos hidratos e comi umas garfadas numa massa de atum que meti num pires de plástico, mais uma colher de mel e meia banana. Carregava comida aleatoriamente pró buxo como se fosse fazer uma sopa na Bimby. Na prova sentia-me pesado a minha passada normalmente forte estava descontrolada ao km 16. Os atacadores estavam largos e os pés mexiam-se dentro dos ténis como se fosse a carga no porão de um navio em mar agitado, continuava sem querer parar. O 17 km marcou-me ia começar a subir e depois era uma recta comprida e uma descida até á meta (isto se a minha memória não falhasse) senti a falta de um gel ou de uma bebida isotónica estava farto de água e apesar de não falhar um abastecimento no total devo ter bebido 1 garrafa apenas. Começo a sentir que vai acabar em breve, mas contrariamente ao que inicialmente previra não vou acabar bem, o gémeo da perna esquerda doe-me, os pés doem-me sinto que estão a assar dentro das meias pela fricção com os ténis que vão de atacadores largos e quase abertos..Não quero parar sei bem que se parar o recomeço é terrível, resolvi arriscar e aumentei a cadencia. Chego ao topo da subida vejo a longa recta pontilhada pelas cores das camisolas, sei que faltam menos de 2 km e apesar das contrariedades ainda tenho gás..aumento agora a passada , sinto o seu efeito ao ganhar tempo e terreno aos que vão na minha frente, agora não posso parar é a descer é a minha praia, 4,30” e a descer , vou dar tudo depois  na descida 4,10” falta menos de 1 km pensava, continuava forte num braço de ferro com as pernas e com os pés..ultima curva á esquerda e vejo a baia e o pórtico arranco numa loucura desenfreada e ao passar um atleta  sinto que me quer acompanhar nesta ultima centena de metros, desafio-o e saio disparado , fui campeão dos 4x100m na Força de Fuzileiros vamos ver..mas foi há tanto tempo J

Ombro a ombro antes da meta desacelero e empurro-o para que cortasse primeiro,só nas fotos me apercebo de que o publico assitiu e vibrou com o desafio .  terminamos no mesmo segundo.!!
sem me conhecer volta-se e agradece-me com  hi-five e abraço ..Incrível o espírito que se cria nas pessoas que correm

 

Terminei mais uma prova, esta com grande interesse pois é um teste para Badajoz

Fiz no Polar 01:41:28” e menos 1” no chip da organização

 

Gostei imenso da prova fiquei fã e quero repetir, obrigado a todos , á Xistarca e á C.M Cascais

Um abraço ao João Lima, Luis e Fernanda Parro, Jorge Pinheiro, Analice e Antonio G. Soares. Á miúda do Peso pesado (?) os meus parabéns pelo esforço e pela sua superação, ao atleta que encontrei de cadeira de rodas que não era de corrida e que com um espírito de ganhador fez a sua prova, aos populares da meta que nos apoiaram e fizeram parte da prova.

 

Pró ano ..Volto !


 
"...Não é que não tenha espírito de competição. Acontece simplesmente que, por uma ou outra razão, desde miúdo que nunca me preocupei com a questão de ganhar ou perder no confronto com alguém. E esse foi um sentimento que permaneceu intacto quando entrei na idade adulta. Ganhar a este ou àquele não me diz rigorosamente nada. Interessa-me, isso sim, alcançar os objectivos que me propus, razão pela qual a corrida de longa distância se revela a disciplina ideal para um indivíduo com a minha mentalidade..."
Palavras de Haruki Murakami in "Auto-retrato do escritor enquanto corredor de fundo"

Jorge

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Quem te manda a ti Hortelão, tocar rabecão?


Caro Diário de corridas

 

Faltam 45 dias e mais umas horas

 

 

Sempre que possível, venho aqui a este cantinho e registo o que fui fazendo durante a semana

Como referi em post anterior os últimos tempos foram de grande felicidade desportiva, o joelho não me doía há uns tempos, sentia-me forte e até acompanhava amigos nos seus treinos.

O meu erro foi esse.

 

Depois de um longo período de treinos a solo, comecei a procurar e a ser procurado por companhia e a partilhar treinos nocturnos com vários amigos 5 estrelas:

O Sr. Almeida e a filha Inês ambos campeões da milha e dos 3km, o Marco que limpou o 7º da geral do GP do Fim da Europa com 01:04:23”, a Inês Costa (20 anos) fez 11,30” nos 3km a Inês Almeida fez 10;36” , o Marco faz 34`aos 10K e o Sr. Almeida fazia 31 `aos 45 anos ..Hoje tem mais uns quantos mas não diz ehehhe (vocês já viram onde estou metido?)

 

Durante a semana fiz 2 treinos apenas, nem tem a ver com o facto de chover ou do frio ou do que quer que seja, foram 2 apenas e é melhor 200% do que não fizesse nenhum.

No treino de 5ª feira, tínhamos pensado ir até ao Seixal, e poucos kms mais á frente encontrámos uns colegas que iniciavam também o seu treino e não se importavam de nos acompanhar. Decidiu-se que a volta do seixal era fixe e cabia dentro do tempo previsto por todos. Os novos amigos são a Inês e o Nelson. A Inês é filha de uma atleta amiga e que conheço muito bem pois somos da mesma idade (Amélia Costa) o pai outro grd atleta, privei com ele muito tempo desde os tempos de escola, marinha e mais tarde no duatlo. Só para verem a ascendência da miúda a mãe arrancou em Outubro passado o 8º lugar na Maratona do Porto 2012.

Está tudo dito! A sua passada é igual á da Amélia, curta, rápida e com forte rotação dos membros superiores, os primeiros kms foram pacíficos com médias mais próximas dos 4,30” do que dos 5` /km

Os kms sucediam-se, paio Pires, Centro de Estágio do Benfica, barcos do Seixal. 8,9, 10 km. Sentia-me bem contávamos piadas, comentávamos as noticias e falávamos do tempo, nem queria acreditar estava mesmo impecável, há muito..muito tempo que não me sentia assim..Já de regresso sempre de frente para os carros, atravessámos as ruas e vielas da histórica vila piscatória com ruelas a cheirar a sargaços e a peixe. De frente as luzes dos carros perturbam-me tenho fotofobia o que é uma enorme sensibilidade á luz, diziam que é típico de pessoas de olhos claros..Treta!!  fico quase cego quando um carro em sentido contrário me aponta as luzes..com receio saltei para o passeio de pedra para me poupar, com as chuvas as pedras que se encontram por debaixo dos beirados ficam frouxas pois a areia e a terra que as seguram desaparecem, dando lugar a um espectáculo incompreensível de amontoados de pedras junto ás paredes e buracos nas calçadas. Pois foi para evitar um buraco que dei um salto enorme e aterrei com o pé direito em cima de uma pedra que não vi, pequena e cinzenta passou despercebida naquela mescla de cores e de reflexos entre a luz dos candeeiros, dos carros e da lua.. senti o joelho como se fosse um objecto solto numa caixa, sabem a sensação de levarmos algo mal acondicionado na mala do carro e aquilo anda pra ali aos trambolhões, tal e qual..!!

O ritmo mantinha-se forte e as dores iam aparecendo, primeiro uma leve sensação de calor, seguiu-se a rigidez e a sentir as conhecidas dores que me atormentaram durante todo o ano passado. A 5 kms de casa não queria regressar a passo nem a hipotecar o treino dos colegas que olhavam para mim preocupados “Com calma Jorge..vamos mais devagar “ seguiu-se um período em que o ritmo deixou de ser importante (gostaria de manifestar a solidariedade demonstrada por todos com um forte abraço) Como já me conheço,  não queria que perdessem um treino por minha causa e pedi que continuassem que eu ia com calma, após insistência a Inês e o Nelson seguiram e fiquei com o Marco num ritmo mais calmo e onde pude finalmente libertar uns quantos palavrões que estavam entalados na goela.

Consegui chegar a casa sem parar com uma sensação estranha, um mix emocional. Se por um lado estava feliz de ter acompanhado aquele grupo, e ter feito muitos treinos acompanhado recentemente, foi também a confirmação, a verdade dos factos “ Estou outra vez no estaleiro” porque forcei demais, fui longe demais. Não estou talhado para corridas de velocidade, não posso acompanhar atletas daquele nível..ponto!!  Ás vezes penso que devia abandonar de vez as corridas mas não consigo, pois sinto uma energia imensa que se transforma em felicidade quando estou a correr, só quem corre e ama o desporto sabe o que digo, sabe bem o que digo para lá das palavras.

 

Desde esse dia fiz mais 3 treinos (sozinho) no meu ritmo e com o meu tempo.

 

dados relativos á semana passada:

De 2ª a domingo treinei alternadamente e totalizei 3 treinos de média duração:

2ª 17,50k

5ª 17,88k

Dom 10,00 k

 

 Esta semana

 
2ª: 11,55

3ª: 7, 0 K

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

3ª Semana de Janeiro


Caro diário de corridas

 

Faltam 54 dias para a Maratona de Badajoz,

 

Desde a última semana que me sinto muito bem e feliz, pois não há nada melhor do que fazermos o que gostamos sem limitações e sentir que a evolução é sustentada. Passei as passas do Algarve com as lesões que me atormentaram durante tanto e tanto tempo. Para completar este estado, tenho tido companhia por estes dias e acredita que é muito melhor do que andar sozinho por essas estradas fora, conversamos, rimos, partilhamos opiniões e contam-se anedotas. Felizmente ainda não senti falta da solidão dos meus treinos. Mas como sou de hábitos por vezes recordo-me quando passo por alguma zona, rua ou local, musicas, ritmos e do desespero e do frio nocturno que me enregelava os ossos..Acompanhado tudo se tolera melhor não é?

Estou admirado com tanto bem-estar, que até tenho medo de o dizer ou escrever J

Não me alongo muito por hoje e deixo em analise os treinos da minha última semana. Acredita foi o possível !

 
Dia 14
11,7km rápido
4:48 min/km
Tempo 0:56:00
Dia 15
12,5km Jogging
5:36 min/km
Tempo 1:10:00
 
Dia 16
Descanso
 
Dia 17
17,7km confortável
5:40 min/km
Tempo 1:40:00
 
Dia 18
16,4km Confortável
5:44 min/km
tempo 1:34:00
 
Dias 19 e 20
Descanso
 
Dia 21
17km ritmos
5:09 min/km
Tempo 1:30:00


Amanha conto mais

Jorge

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Hey tenho asas nos pés..E salto


Caro diário de corridas,

faltam 58 dias

Sabes aquela sensação de felicidade,  que te apetece cantar, dançar e correr sem parar?
    Pois é nessa fase que me encontro, não sei o que isto quererá dizer mas enquanto durar estou a adorar. Até porque tenho estado numa fase bem dificil desde a perda do meu pai

Na realidade hoje apetece-me cantar, cantei no duche , na garagem, no carro, a passear os cães. A musica é sempre a mesma , colou-se de tal forma aos meus 2 neurónios que não descola nem por nada!

Hey tenho asas nos pés,
Tenho asas
Hey tenho molas nos pés,
E salto

 e não é que estou a gostar? A razão de tal alegria é porque esta semana já tive oportunidade de fazer 3 treinos , todos como eu gosto ou seja acima dos 10km (os primeiros já relatei ) este ultimo foi brutal.
sempre me queixei por falta de companhia, os atletas da zona (que conheço) não fazem treinos grandes ( > 1h).  Andava sempre a treinar só e fora de horas, resmungão tal como o velho da série " Os marretas" -"qualquer desisto, "ando gelado que nem o nariz d´um cão, se há necessidade" -" isto é penar" e até apelei ao dramatismo  "- qualquer dia ainda fico pr´ai numa valeta, com o que vejo nas estradas"..patati patata..o que é certo é que continuava corria e resmungava ..:)
á boa maneira da teoria do velho Murphy as coisas iam de mal a pior, incluindo lesões que me iam desgraçando o joelho e a paciência. Até que inverti o ciclo  e as coisas me correm bem..estou na melhor fase de que me lembro nos ultimos tempos, tenho companhia, não tenho dores e sinto uma melhoria generalizada da componente fisica e psicológica. Até ( vê bem..)  tenho recebido diariamente convites para treinar. Os meus companheiros Sr. José e Inês Almeida treinam sempre que podem, mas nunca sei com antecedência se posso contar com a sua companhia ao fim do dia. Ontem tive o prazer de ser convidado por outro grande atleta do concelho , o meu amigo Marco Mendes Homem que se bate com os maiores e capaz de arrancar menos de 35`aos 10k.ou fazer a Ultra maratona Atlantica em menos de 3,30h.
http://www.saosilvestredelisboa.com/classificacoes.aspx ( 118 na geral )
118 geral 4793Marco Mendes00:36:56Veterano 1MClube de Praças da Armada2800:36:46

- Ao sairmos de minha casa, deixou á minha consideração o percurso e o ritmo. Como bom anfitrião mostrei-lhe os meus percursos, as minhas voltas , o sobe e desce da minha zona, fizemos o periplo pela minha zona, sempre a conversar num ritmo seguro ( 5,30") contámos dezenas de anedotas e riamos que nem perdidos, foi um serão espectacular,

nunca fui muito bom a  contar anedotas até porque me esqueço com relativa facilidade das mesmas, mas até as que contei sairam bem..eheheheh
     Que risota do catano aconteceu naquelas estradas, as pessoas que estacionavam os seus carros á porta de casa, olhavam com interesse a dupla de chalados que se aproximava a rir que nem perdidos..

Andámos nesta paródia quase 1h e 40 minutos
fizemos 17.635m
Pace: 5:38 min/km
Velocidade Média: 10,58 km/h



Afinal tenho razões para estar feliz




ps. O Jorge não reconhece o acordo ortográfico.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Habituei-me ao longo de anos a correr sozinho, mas amanha vou sentir a sua falta.


Caro diário,
    Faltam 60 dias para Badajoz.
 Hoje 3ª feira fiz mais um treino com a família Almeida, como as nuvens ameaçavam descarregar, resolvemos fazer um treino por um percurso diferente (para eles.) e em de virar agulha para Norte fomos para Sul em busca dos meus locais de treinos solitários, recordava-me recorrentemente dos numerosos treinos de preparação para Lisboa, das horas de corrida solitária, das longas rectas mal iluminadas, do cuidado extremo com o piso, a inexistência de bermas e a falta (por furto) das tampas de recolha de aguas pluviais. O Mp3 era nessa altura o meu melhor e único parceiro de treino, fartava-me rapidamente das musicas, ouvia álbuns inteiros num único treino, eclético ouvia desde Scorpions com a orquestra filarmónica de Berlim, os Pink Floyd, Status Quo, Led Zepelin mudando de estilo até Gabriel o Pensador alinhava nas corridas, Dire straits creio que ouvi todos os álbuns desde o Brothers in arms até ao Private investigation., Brian Adams fechava o ciclo com o Run to you e o summer of 69. Aprendi a gostar de música clássica e alternativa, á excepção dos carreiras cá do Burgo posso ouvir de tudo. Com o amigo Brian Adams há uma estória curiosa que remota aos bancos da faculdade, em que numa cadeira creio do 1º ano fazia alusão ás teorias liberais e da mão invisível do mercado, segundo Adam Smith. Claro que a resposta á questão numa oral e no anfiteatro cheio foi Brian Adams, risota geral mudei de cores umas 10 vezes de vergonha em frente aos professores e assistentes. Corrigi de imediato o engano e apliquei-me ao máximo nas questões seguintes, sai de lá com um 15 V to run to “ Bar” onde me esperava a plebe sedenta de cerveja e sumo de maracujá. Viva os tempos de borga académica ..Viva !!!

Bem, como dizia..

tínhamos combinado encontrarmo-nos a meio do caminho, homem de trato duro pergunta ao telemóvel:  –“ esperamos na Republica ou 25 Abril? como percebi “implantação da república ou 25 de Abril” pensei que era uma pergunta de cartilha e sabendo que é um homem de esquerda e dono dos últimos empenos, respondi 25 Abril!! Resultado fui para o local de encontro habitual e os meus amigos numa paralela de nome Av. 25 Abril, estranhado não os encontrar fui até á sua casa e voltei quando os vejo a vir dos lados da minha casa, cumprimentos e explicações do desencontro saímos para mais um treino que começava já com quase 1,5km de aquecimento. Hoje com a real hipótese de chuva, podemos mudar de percurso e fazemos um treino onde habitualmente treino quando vou sozinho. Virámos a sul em direcção á quinta das Laranjeiras, apanhámos a ligação que nos leva aos redondos (zona habitacional) e seguimos sempre num ritmo calmo acima dos 5,30” / km , é impressionante nas coisas que conversamos desde a agricultura ao tempo, á politica, aos novos sistemas de facturação comercial, ao aumento de impostos e IVA, a Inês é oficial da Força aérea apesar de reservada lá dissecou algumas questões..uma delas é o pânico que tem de cães de rua. Para a tranquilizar disse-lhe que habitualmente os que vejo a esta hora estão em quintais e presos e os que andam por ai são pequenos e calminhos, seguimos sempre num passo relaxante nem olhava para o relógio para saber que ia uns segundos largos acima dos 5´/ km. Ontem confirmei a diferença entre treinar acompanhado e sozinho num percurso meu conhecido, as conversas fluem e as distâncias encurtam psicologicamente. Até as subidas alisam á nossa passagem.

Andamos nisto quase 1,10h rua acima, avenida abaixo, Redondos, Fernão Ferro, Quinta das laranjeiras, Pinhal de Frades. Um ritmo calminho e desfrutante, pela 1ª vez pude analisar melhor as conversas, ver os tons das casas em banda que deixam a cara á banda com os seus roxos e laranjas, ruas minimamente iluminadas e pessoas que se recolhem ao cair da noite.  Ontem uma senhora loira lembrou-se de ligar a mangueira para limpar o pára-brisas do seu carro sem olhar que vínhamos, foi um reflexo felino que evitou molha maior,..mas rimos como tudo e ficamos amigos da senhora que se desfez em desculpas. Vi com alegria que limparam o lixo de uma parte do pinhal original (pelo menos nas bermas) como havia pouco vento alguém que assava bacalhau na brasa deu mote de conversa sobre as mil e uma maneiras de o fazer, do bacalhau pra carne assada na grelha foi um fininho..:)

Sem querer armar aos cágados, sentia-me tão bem, acho que pela 1ª vez me senti assim a acompanhar aquele par de pai e filha campeões da corrida e atletas a sério.

Ontem apresentei-vos o pai, hoje vejam a filha

http://sportsetubal.blogspot.pt/2012/06/atletismo-10-edicao-da-milha-noturna-da.html

Desta vez acompanhei-os eu a sua casa, e no regresso pensava em como me sentia bem, em como tinha aguentado tanto empeno com eles e hoje senti que se puxasse eles claudicariam.

Senti uma aura de admiração em diversas fases da corrida, quando por exemplo o Sr. Almeida dizia que hoje ficamos por aqui, mas para o Jorge foi um aperitivo, ao que respondi “ – ahhahah nada disso, foi um treino muito bom.” E pensava para mim.”- Bolas é um grande elogio.eheheheh “

Eles amanha 4ª feira descansam, eu não posso.

Habituei-me ao longo de anos a correr sozinho, mas amanha vou sentir a sua falta.

percurso 12,5km

tempo: 1,10h

media : 5,36" / km

Jorge

 

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Este Treino dava um filme


 Caro diário de corridas

 (faltam 61 dias para badajoz)

Ontem o telemóvel não parava de tocar, números desconhecidos das várias operadoras deixavam um rasto de chamadas não atendidas.

 Aleatoriamente escolhi ligar para um da mesma rede (91) que o meu, e quem está do outro lado?

O meu amigo Almeida, homem duro do norte transmontano cuja vida não deve ter sido fácil e que lida mal com gente mole, colega de corridas nocturnas, aquele que me aplicou a nobre arte do empeno e que um treino para ele ou é ou não é !! se ele o diz ..Está dito!

Como não sei dizer que não, esqueci-me de que estou doente ou inventava indisponibilidade porque vou de viagem para o Brasil por falecimento de uma tia rica cheia de fazendas no Brasil me deixou uma herança em gado bovino pois sou o único sobrinho, mas não..ao não saber inventar estou sempre na linha da frente na mira do empeno.

(Desde a semana passada que andava cheio de dores nas costas, creio que foi desde que me meti a agricultor na 5ª feira.doem-me quando tento apanhar algo do chão, mas a andar ou a correr quase nem a sinto..estranho!)

Lá aceitei o treino com ele e a sua filha Inês, avisou-me que seria coisa leve até porque foram correr no domingo e é só para tirar o lactato. Eu anhuca lá me esqueci de que da outra vez também me tinha dito que tinha dado um jeito ás costas e depois foi o que se viu.
Saímos tarde perto das 20h em direcção da estação Fertagus para entregar as chaves da viatura a uma outra sua filha (Filipa) que chegava no comboio á estação do Fogueteiro, surpresa!!!

São Gémeas iguaizinhas! A diferença é que uma estava de Lycra e de sapatilhas a outra não, sabem a sensação desconcertante de falar com uma gémea que não conhecemos mas que a cara é igual aquela que conhecemos e sabemos como é e esta é diferente porque é outra pessoa? E rir-me de pinha arreganhada para ela podia causar má impressão, mas mesmo assim este cara de pau o fez? Perceberam???? E que corre também e que qq dia vai também, vai ser bonito, não bastava 1 ?

Descemos á Torre da Marinha e sempre na conversa, rolávamos a cerca dos 5,15” / km com o frio que se fazia sentir aquela hora junto ao rio, havia poucos atletas a treinar mas sempre vamos encontrando malta conhecida, curiosamente mais mulheres que homens.. 5 km o ritmo mantém-se na casa dos 5´, 10 / km desta vez ia preparado, não levava o impermeável que me tirou anos de vida, sem mp3, sem tlm, apenas o Polar.  6 km continuamos em ritmo de treino , nem me atrevia a pensar que iria ser sempre assim até ao final, em código a filha diz que devem estar 10ºc ao que o pai responde ( também em código empenez)  - “ ou menos..” Está dado o sinal, pensei!

Devagar comecei a sentir os efeitos da mudança de ritmo, olhei como pude para o relógio marcava ainda 5`,05” /km mas estávamos no meio da vila do seixal a contornar a Igreja velha., reparei no quanto bonita é a vista de Lisboa e do Tejo a partir daqui. Olha a Mundet! Esta empresa ( http://213.228.151.16/2005/dezembro/18/cms.htm ) está intimamente ligada á história da própria vila, durante muitas décadas foi uma importante empregadora local, a laborar na área da cortiça, foi reconhecida mundialmente pela qualidade dos seus produtos. Notabilizou-se principalmente em rolhas para garrafas de champagne, encomendas das melhores marcas mundiais como a Moët & Chandon champagnes eram diariamente recebidas no seixal.  Ontem senti um aperto no coração ao ver o nível de degradação das instalações, uma sombra de um passado glorioso (bolas a dificuldade que tenho em escrever este termo) que empregou gerações e foi o sustento de milhares de pessoas ao longo dos seus quase cem anos de laboração. Enfim…estamos em Portugal ninguém quer saber de nada
No regresso o vento soprava nas nossas costas, não conseguindo secar as gotas que me escorriam pela cara direitas aos olhos, intermitentemente olhava o polar a ver se consegui distinguir o pace 4,50” vais bonito vais, a teimosia não permite que me manifeste, que mande abrandar .para um ritmo que me permita acreditar que vou ver o dia de amanha. Mas porquê? Mas porque logo eu que estou sempre pronto para desafiar as leis da física e da natureza não digo nada? É porque a filha uma miúda de 30 anos vai comigo..e eu não quero dar parte fraca..só pode!! Ok siga..chegámos á ponte da fraternidade ( pequena ponte que liga margens do rio judeu um pequeno rio que desagua no rio Tejo) o ritmo é controlado pelas canetas do Sr. Almeida, que sabe com uma pontualidade brutal a quantas vai.. a partir daqui até ao Rio Sul (continente) é sempre a subir e tem subidas com 10% inclinação, não tenho vocação de trepador mas subo bem.

A Inês sempre a minha sombra,  abrandámos ligeiramente, se tivesse um cordel com uma distancia de 50 cm ele nunca chegaria a esticar,,tal é a precisão da minha passada e da proximidade com a atleta chegámos  “ – está feita, daqui até casa não há mais..”  

(acredito sempre que assim que chegarmos ao topo da subida ele abranda para respirar mas é mentira ainda acelera mais.) ainda temos mais uma subida e normalmente faço-a sem esforço,  mas quando vou á rasquinha é como se subisse a “senhora da graça” , a  Inês responde que há mais uma e rimos todos ( cada um como pode)

Fertagus! Faltam +/- 3,5km pra casa e sinto a carga a esgotar, pareço o coelhinho do tambor que está prestes a acabar a carga da pilha. chegámos ao Casal do Marco e temos de atravessar a EN10, este cruzamento sempre me meteu receio, recordo-me em miúdo chamarem Casal da Morte dado o elevado nº de acidentes, atropelamentos. Vejo luz verde na rotunda e penso que daqui até lá muda para vermelho, certíssimo! Para parar o mínimo de tempo reduzimos o passo, sinto-me renascer, assim que abre o sinal verde atravessamos rapidamente e seguimos junto a faixa da esquerda como habitualmente. Á direita o Ginásio Fit energy (estive inscrito neste ginásio e cancelei recentemente a minha inscrição porque não consigo treinar numa sala, tenho de apanhar ar nas ventas e sentir a imensidão dos espaços) conseguia ouvir a gritaria do body attack e de ver a rotação dos membros inferiores no RPM / Spinning no 1º andar. Gostava destas aulas, chegava a fazer 2 ou 3 seguidas sempre que podia.

Faltam 2 km recordo-me de olhar para o Polar que anunciava que tinha feito 9.5km e íamos com cerca de 48´ uma media próxima dos 5´/ km mesmo com paragens e cruzamentos e subidas.

Ultima subida mesmo em frente, como previ sempre que levo empenos parece que a mesma também empina por solidariedade. Descida rápida para a esquerda, a esplanada do Deja Vu está quase  deserta , apenas uns resistentes movidos a álcool se arriscavam a manter de cigarro numa mão e mini na outra enquanto soprava um vento gélido nas costas,  a Inês diz que fica por aqui e vai pra casa, o pai diz que me vai dar boleia até á minha casa ( 900m)

Aqui meus amigos,

 vai começar a verdadeira estória deste treino, estamos a +/- 900m de minha casa uma longa recta nos separa. Uma estrada larga, sem muito movimento e iluminada qb, Pergunta-me como estou e se podemos aumentar ritmo, respondi que sim que acompanho até puder. A cadencia aumentou mal acabei a frase, notava que as minhas pernas queriam o contrário mas forcei, senti que deixarad e ouvir os meus passos , pesados e ritmados. Estava no limiar de uma nova fronteira, algo mais forte que me empurrava pra casa e depressa.

Passei á porta do café do marinheiro e com a luz exterior vi  3,45” /km mudei o olhar em direcção a sul , incrédulo quis dizer-lhe a novidade mas não consegui, o cérebro estava bem mas o resto não. Continuámos sei que faltam 500m mais ou menos, novo esticão colo-me a ele, nem queria acreditar que corria daquela maneira, o Sr. Almeida (vice - campeão da milha http://www.cm-seixal.pt/NR/rdonlyres/D6AEFAB4-CBB0-415E-A659-49C8A1123B1E/6838/veteranosV_masc.pdf) que no sábado correu 3 km em menos de 12 minutos quer acabar comigo tenta descolar mas não deixo, estamos a 300m vou eu tentar descolar mais á frente ..arranco..sinto pela primeira vez a sua respiração ofegante , eu já nem respiro ..Acho

Ultimo esforço sinto que me quer passar.começei a pensar que sou forte, sou uma máquina, falta pouco! Vejo a minha rua sei que vou virar á esquerda em breve..ele dispara colo-me ao seu ombro sinto que os pés estão descomandados, loucos..estou fortíssimo ,..Mas ele é imbatível para um atleta como eu. E apesar da diferença de idades esta pesa menos que a diferença de peso e de valor..Acabámos!!! Cruzámos o meu portão com a diferença de microssegundos senti a sua mão no ar em desaceleração como se cortasse uma meta olimpica, era a sua meta ..dei-lhe espaço e despedi-me dele com um aceno ele afastou-se...sem uma palavra que fosse!!

 
Grande atleta aquele homem de 64 anos

Hoje liguei-lhe pela manha e agradeci o treino.

Com a resposta dos grandes Homens agradeceu-me a mim também.

 
Sinto que lhe ganhei o respeito como atleta.

 

Total 11.650m

56’

Média 4´,48”

 

J